segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Minimalismo

Há uns bons anos atrás, eu tinha o hábito de utilizar agendas, filofax, blocos de notas, cadernos, post-its e tudo o que servisse para escrever tudo e mais alguma coisa. Eram calendários cheios de anotações, horários, listas de tarefas, de compras, lembretes e um sem fim de cruzinhas e bolinhas a cores garridas para chamar a atenção para o que eu considerava importante. Mas isso era no tempo em que o computador lá de casa apenas servia para jogar ao Pacman e os telemóveis eram aparelhos enormes que só os homens de negócio se davam ao luxo de carregar em malões. Era no tempo em que "estudar para o teste de Biologia na 4ªf" ou "ir ao cinema com o João no sábado" eram os momentos altos da minha tão atarefada vida de teenager.

Com os anos perdi esse hábito, e fui ganhando uma verdadeira aversão a papéis. Hoje é, para mim, impensável andar com uma agenda atrás. Não só porque as malas que gosto de usar são tão pequenas que nem uma caberia lá dentro, mas também porque o meu telemóvel acaba por me lembrar daquilo que é realmente preciso e o meu Outlook guarda os contactos, aniversários e outras datas importantes. Papéis é que não. Em minha casa dificilmente encontrarão um bloco, um caderno ou algo do género. O máximo que existe é papel para a impressora.

Tinha também, nessa altura, o hábito de guardar bilhetes de concertos, cartas, talões disto e daquilo, porcarias que não tinha coragem de deitar fora e achava que um dia iria querer relembrar. Agora não guardo nada, pois sei que são coisas que só têm importância na altura e, depois disso, só servem para ocupar espaço. Também me deixei de listas, seja de que tipo for. Guardo mentalmente aquilo que tenho de fazer e as coisas que combino. O resto, é lixo mental que só serve para cansar o cérebro. É como sobrecarregar um disco rígido com programas que achamos que nos vão ser úteis e acabamos por nunca mexer neles.

Isto fez-me perceber, ao longo dos anos, o monte de informação desnecessária que teimava em carregar. Coisas que achava importantes e, vai-se a ver, vivo muito bem sem elas. Tudo o que é demais, torna-nos pesados. E eu tornei-me minimalista. O que é importante está cá, sem agendas, sem caderninhos ou blocos, sem lixo. Só o que é fundamental. E o meu disco rígido está muito mais leve. E a minha vida também.

10 comentários:

  1. Também tinha a mania de guardar tudo...acho que também está na hora de ficar mais leve :)

    ResponderEliminar
  2. Eu ainda o faço, e apesar de telemóveis e pc ainda utilizo a minha agenda, porque às tantas é sempre necessário saber quando é que aconteceu alguma coisa...e o que me vale é a minha pequena mas bem jeitosinha agenda!

    ResponderEliminar
  3. Concordo com a tua posição pois hoje me dia o papel ocupa muito espaço e é cada vez menos prático, mas eu ainda vou mais longe. Livros e DVD's já não tenho nenhum na minha "casa". Devido a mudanças várias, acabei por deixa-los na casa dos meu pais, pois lá sei que perdem a mobilidade e um dia que tenha a minha casa irei busca-los se os achar importantes para tal. Material escolar, dossiers com milhares de fotocópias dos tempos da faculdade também foram todos à vida e neste caso nem a mínima ponta de saudosismo me provocam, o mais provável é que sinta alguma repulsa se voltasse a vê-los.

    Quanto mais leves, melhor nos sentimos. Aplica-se a tudo :)

    ResponderEliminar
  4. Eu ainda o faço, mas qualquer dia deito aquilo tudo para o lixo..
    De qualquer maneira, acho que fazes muito bem em tornar-te mais leve, mais minimalista.

    ResponderEliminar
  5. Ana tenho tanta perdoa-me a expressão, merdice dessa lá em casa... eu também sempre fui de guardar tudo e mais alguma coisa, e agendas de anos após anos. A agenda do trabalho é a unica que por motivos de bom senso e não querer ser despedida por esquecimento me acompanha... mas a verdade é que há tanta coisa que no momento e espaço é tudo e guarda-se mas depois é um amontoado de coisas que não interessam nem ao menino Jesus. mas ando numa de preguiça, quando for a pôr mãos à obra cuidado... tenho lá um quadro de fotos no meu quarto que ainda tem o meu ex!!! Esse vai ser o meu primeiro passo, renovar aqulo que até dá dó agora que penso. O que vale é que no meio de tantos sorrisos à volta passa despercebido...
    Beijinho

    http://so_risoincognito.blogs.sapo.pt/

    ResponderEliminar
  6. Concordo com essa posição em tudo na vida. inclusivé até com contactos de e-mail ou de telemóvel. Se não uso apago. Se não preciso não peço. Funciono muito assim. Sou muito do fundamental e não me ocupo com banalidades. Mas são posturas não é?
    beijinho

    ResponderEliminar
  7. concordo com a postura de vida, mas sou o oposto no que diz respeito a papéis! :)

    ResponderEliminar
  8. excelente 'filosofia' de vida ... menos 'lixo' e mais conteúdo/substância :)
    **

    ResponderEliminar
  9. Eu tenho saudades dos tempos em que era assim...agora esqueço-me de uma porradona de coisas...ai la se foi a memória com a organização --'

    ResponderEliminar
  10. eu ainda tenho a mania de ir guardando algumas coisas mas se for bem a avaliar a coisa, o único suporte em papel existente lá por casa é um bloco de notas junto ao telefone para apontar coisas rapidas durante as conversas. e basta.

    ResponderEliminar