segunda-feira, 4 de maio de 2009

Estar lá

Sou sempre aquela que ri, que brinca, que diz uma piadinha, que dança, pula e canta a toda a hora. Sou aquela que anda sempre bem disposta e nunca se queixa de nada. Sou aquela a quem todos telefonam para desabafar, chorar as mágoas ou despejar a raiva. Sou aquela que se levanta da cama às 2 da manha, porque do outro lado da linha alguém precisa de ir arejar, espairecer ou beber uns copos para esquecer. Sou aquela a quem vêm pedir conselhos e de quem levam sempre uma palavra de incentivo. Sou aquela a quem todos dizem "tu é que fazes bem", "tu é que tens uma boa vida", "tu é que a sabes gozar", "tu é que não te chateias com nada" e etc, etc.
Para muita gente, sou uma espécie de dama de ferro, de fortaleza, a quem nada abala ou derruba.
E porquê?
Porque eu não sou aquela que pega no telefone para desabafar as mágoas ou despejar raivas. Porque eu não sou aquela que pede que a levem a arejar ou espairecer. Porque eu não sou aquela que pede conselhos ou palavras de incentivos. Porque eu, simplesmente, sou aquela que nunca ninguém vê chorar.
Estou sempre lá para quem precisa. É assim que sei ser amiga do meu amigo. Escuto, dou o ombro, dou o que posso e o que está ao meu alcance. Mas se há um dia em que estou mais ausente, se há um dia em que essa palavrinha de incentivo não sai, se há um dia em que as dores dos outros não me conseguem mover... rapidamente me apontam o dedo, me acusam de estar diferente, fria e distante. E ninguém entende que há dias em que simplesmente não posso ou não me apetece estar lá para ninguém, porque preciso de estar lá para mim mesma.

11 comentários:

  1. Junta-te ao grupo... e não te querendo desanimar a tendência é exigirem sempre mais...

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  2. Ana,

    Menina como eu te entendo! E sem querer repetir o que já te disse C.C., a tendência é piorar!
    Mas porque não lhes dizes isso mesmo, que agora escreveste?!
    Era capaz de lhes fazer bem verem-se confrontados com o seu próprio egoísmo e a sua própria cegueira!
    Porque só pode ser egoísmo ou cegueira (=falta de sensibilidade) nunca terem sequer pensado na possibilidade de tb tu teres os teus momentos menos bons e que o facto de não pedires ajuda não significa não precisares dela... e sobretudo se nesses momentos não te conseguem ajudar pelo menos que não compliquem!!
    Olha eu durante muitos anos vivi demasiado os problemas dos outros de tal forma que cheguei com isso a afectar a minha vida de família! Até ao dia em que finalmente me dei conta que nem sequer fui por isso mais reconhecida ou mesmo respeitada! Aí então disse BASTA!
    Minha querida tb para ti esse DIA há-de chegar!

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  3. E depois quando por algum motivo não estamos bem, aquelas pessoas que ajudámos no passado, ficam histéricas pois não estamos a ser o habitual "palhaço de serviço" ou "ombro amigo" ou simplesmente "aquele que se preocupa com tudo e tudo faz para que tudo corra bem". E era tão simples, em vez do ruido da histeria era apenas meter a mão no ombro e dizer " se precisares de alguma coisa diz, já sabes que podes contar comigo como contei contigo". Não era preciso dizer mais nada. Não sei se me estou a fazer entender

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  4. onde é que eu já ouvi isso...
    excepto a última parte porque felizmente tenho amigos que já me conhecem tão bem que sabem que quando não estou "lá" é porque preciso estar "cá"





    (mas Ana, também estarei sempre para ti, tal como sem saberes estiveste durante anos para mim)
    beijoooooooooo

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  5. C.C:

    Estás-te a fazer entender lindamente:-)
    Concordo com tudo, mas sabes... nem é preciso que as pessoas retribuam o "ombro amigo", até porque eu sou aquele tipo de pessoa que quando não está nos seus dias, prefere ficar caladinha, sossegada e quieta no seu canto. Muitas vezes, bastava isso... que me dessem esse espaço e não me cobrassem pelo silêncio.

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  6. Princesa:

    Parece que sim:-)

    bjs

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  7. Laura:

    Eu digo sim, já o disse várias vezes. Mas há pessoas que insistem em esquecer-se disso e quando me apanham num desses dias em que me apetece ficar longe e muda, entendem a miha atitude como um ataque pessoal contra elas, como desinteresse, etc. etc.

    Quanto ao viver demasiado os problemas dos outros, felizmente já me deixei disso. Preocupam-me as pessoas de quem gosto, por quem tenho carinho e amizade, claro... mas já consegui ganhar uma dose de um saudável egoísmo que não me deixa esquecer de mim mesma em momento algum.
    Garanto-te que já fiz coisas por pessoas que, hoje em dia, não voltaria a fazer de maneira nenhuma!

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  8. escarlate.due:

    Pois eu gostava que os meus aprendessem um pouco disso!

    Estive lá para ti? É bom saber, mesmo sem saber como:-)

    beijoss

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  9. Também "sofro" do mesmo mal!

    Somos assim como umas esponginhas que absorvem as amarguras de quem as quer contar, ainda arranjamos forma de limpar uma lágrima, mas... quando chega a nossa vez, calámo-nos. E aí... tu sabes!

    Também deverás saber que continuaremos assim, dispostos a tudo, mesmo sabendo que quando chegar a nossa vez...

    É muito difícil mudarmos porque são traços de personalidade que não se apagam, mas com o tempo acabamos por amenisar e perceber que não podemos dar tudo. Algo tem que ficar para nós.

    1 beijo solidário. :)

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  10. Alexandra:

    "Algo tem de ficar para nós"

    E eu tenho aprendido, nem sempre da melhor maneira, a fazer com que a minha parte seja cada vez maior.

    beijo

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