quinta-feira, 28 de março de 2013

Embriaguez

Sabem aquele pessoal que quando bebe uns copos valentes, desata a disparar tudo o que lhe vem à cabeça, sem qualquer filtro, sem qualquer noção de inconveniência, sem pensar onde está, com quem está e quem vai atingir? Por vezes, precisava de conseguir chegar a esse estado. Precisava dessa embriaguez que me fizesse perder as estribeiras e começar a falar tudo o que me apetece, como fazem os maluquinhos. Mas não. Se bebo um bocadinho fico alegre, rio-me de tudo e de todos, brinco, fico atrevida e, no máximo, digo umas quantas baboseiras que não chateiam ninguém. Se beber um bocado mais da conta, fico logo maldiposta e a festa acaba ali. Precisava daquela fase intermédia, precisava que o meu estado de embriaguez avançasse um bocadinho mais até ao ponto de nem querer saber, nem estar aí para as consequências, abrir a boca e levar tudo à frente, mesmo que depois caísse redonda no chão e no dia seguinte tivesse de andar a apanhar os cacos. Precisava de lavar a alma, desengasgar as porcarias acumuladas durante anos, desatar ao soco e ao pontapé, atirar cadeiras pelo ar e bater portas. Precisava de ter mau vinho. Mas não. Limito-me a ir brincando pela vida, rindo, ironizando, soltando uma laracha aqui ou ali, mas sempre muito controlada. Ou então, quando a coisa é mais pesada, meto rapidamente os dedos à boca e resolvo o problema. E no dia seguinte, não há cadeiras partidas nem copos pelo chão, só uma leve dor de cabeça. E isso, às vezes, é o que me lixa.

18 comentários:

  1. Às vezes, uns episódios desses faziam mesmo bem.

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  2. Queres apanhar uma de caixão à cova? :P

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  3. Nunca fui de escandaleiras vê lá tu que no dia que bebi uma garrafa de beirão adormeci com um sorriso parvo na cara ali mesmo no meio da confusão num ombro qualquer. Rio muito mas isso como já é normal, fico com a sensação de quando estou sóbria olham para mim a pensar que bebi além da conta e quando bebo alem penso talvez olham a pensar é normal ele é assim bem disposta. Mas também fico mais atrevida. E digo o que restou ainda ali na lingua que não tenha saido. Para o meu bem ou mal. No dia em que bebi para deitar cá para fora todo um stress acho que acabei a chorar. Isto de estado de embriaguez tem muito que se lhe diga. Eu já tive a minha dose. A minha experiência.

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  4. Miúda, estamos exatamente na mesma fase... Adere ao twitter em força, escreve tudo o que te apetecer. outro dia tive lá um surtozinho e foi ótimo. até consegui seguidores novos e tudo, juro, é altamente terapeutico ;)
    Bjo

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  5. Sou tão parecida!!!
    E como às vezes me apetecia esse estado do "não querer saber" ... mas sou demasiado controlada e após isso, só mal disposta! xD

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  6. Cuidado com o que pedes, que isso de perder as estribeiras têm muito que se lhe diga! Antes assim, embriaguês mas consciente!

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  7. é o alcool nem sempre funciona bem.. aliás acho que quase nunca funciona bem, mas podes sempre fazer de conta que tem esse efeito e usas como desculpa, que tal? ;) ninguém nota.

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    1. Mas é que eu usei aqui o alcool mesmo como metáfora. Este estado a que eu me refiro, e a que eu queria chegar, seria sempre estando sóbria.

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  8. Não precisas de beber para dizeres o que tens engasgado, às vezes basta um pequeno empurrão na hora certa, ou então na brincadeira podes dizê-las todas! A mim sai-me a velocidade furacão sem necessitar de beber, e depois às vezes arrependo-me...

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    1. Mas eu não quero beber, eu gostava era de conseguir chegar a esse estado, igual ao que se atinge quando se bebe muito. E aquilo que está engasgado nunca poderia ser dito na brincadeira, ou já o teria feito.

      Como diz a Isa ali em cima, eu precisava era de surtar, mas bem sóbria!

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  9. Querida Ana, um dia destes ainda atinges o ponto que pretendes! ;)
    Posso divulgar o leilão solidário que está a terminar lá na Turista, aqui no teu blog, posso? Tu tens tantos leitores...
    Aqui fica o link:
    http://manuelacolaco.blogspot.pt/2013/03/leilao-solidario-flash-12.html

    Beijinhos e obrigada. :)

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  10. Por vezes dava jeito conseguir ser totalmente sincera. :P

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  11. Ana,

    adorava ter dias assim, entretanto uso os blogues para isso. Ou o twitter. Sabe bem deitar tudo cá para fora...Infelizmente nao sou assim, sou contida mas era taooooooooo bom um dia ou outro.

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  12. Quando vivia preocupada com o que pensavam de mim, quando queria agradar a gregos e a troianos ouvia tudo e calava-me... Podiam estar a dizer as maiores barbaridades, mas para não me chatear apenas abanava a cabeça, sorria e continuava o meu dia-a-dia como se nada fosse... Mas no fundo, ficava magoada com aquilo que as pessoas diziam... Mas cheguei a um ponto que de tanto acumular acabei por rebentar e comecei a dar resposta, independentemente da outra pessoa gostar ou não de ouvir, comecei a opinar, a dar "resposta" às pessoas... A partir desse momento senti-me livre...
    O teu dia vai chegar =))) Não deves ter medo ou vergonha de dizer o que pensas ou sentes... As pessoas devem ouvir, aceitar e respeitar a tua opinião (seja sobre o que for), mesmo que não concordem contigo... Se gostam realmente de ti continuarão a gostar e, talvez, passem a gostar ainda mais
    Dou-te apenas uma dica, não deixes as coisas acumularem-se dentro de ti, porque assim que explodir vai ser devastador e o que poderia ser um ligeiro dano pode tornar-se num dano irreparável...

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    1. Kekoa, aqui a questão não são as relações pessoais (família, amigos, conhecidos, etc.), porque nesse campo não há quem me faça calar aquilo que quero dizer. A questão aqui é a esfera profissional, na qual eu sei que se resolver abrir a boca fico sem emprego.

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    2. Há sempre aquela forma de dizeres as coisas mas sem as dizeres directamente loool... Mas sim, no campo profissional é preciso ter-se mais cuidado porque há esse risco de despedimento =T

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