quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Depois da tempestade vem a mudança


Há uns meses atrás escrevi isto:
"Nós somos o que vivemos, mas nem sempre vivemos aquilo que desejamos.
Crescemos, tornamo-nos adultos, e vamos construindo os nossos valores, as nossas crenças, os nossos princípios.
Tentamos agir de acordo com aquilo em que acreditamos e achamos correcto e, a determinada altura da nossa vida, começamos finalmente a conhecer aquilo que somos.
Até que um dia chega uma tempestade e arrasa com tudo o que construímos. O vento sopra forte e derruba todas as nossas defesas, a chuva faz crescer um rio onde os nossos sonhos e sentimentos se afogam, e nada volta ser o mesmo.
De repente, olhamos para nós, e somos outra pessoa. As marcas da tempestade queimam-nos por dentro e a devastação dá origem a um recomeço lento e, muitas vezes, ditado por esse grande monstro chamado MEDO. Mas serão sempre estas tempestades necessárias para que a nossa vida mude? Ou será que, por vezes, é no meio de um oceano calmo e límpido que encontramos outra parte de nós que não sabíamos existir?"

(5 de Julho de 2008 in "Cantinho da Anokas")

Mudamos. Com tempestade ou sem ela, mudamos. Para melhor ou para pior, mudamos. Ou nem para melhor nem para pior, mas mudamos na mesma.
Uns tornam-se mais frágeis, outros mais fortes. Uns mais tolerantes, outros mais exigentes. Há quem passe a ver a vida a cor de rosa, e há quem nunca mais a deixe de ver em tons de cinza.
Há quem comece a esforçar-se mais, há quem deixe de se esforçar. Uns recolhem-se, outros exaltam-se definitivamente.

Desconfio sempre de quem afirma nunca mudar, de quem diz conseguir passar pela vida sem abandonar partes de si mesmo ou encontrar outras tantas. Desconfio de quem orgulhosamente declara manter-se imune às voltas que vai dando nas voltas que a vida dá.
Porque nós mudamos. Uns mais lentamente, outros de um dia para o outro. Uns fingem não perceber, e outros percebem finalmente que não conseguem mais fingi-lo.

Nem sempre é fácil lidar com as nossas próprias mudanças, porque nem sempre elas nos vêm facilitar a vida. Nem sempre os outros as entendem ou aceitam. E, quantas vezes, nem nós mesmos.
Quantas vezes não desejámos poder voltar ao ponto de partida e recuperar aquele pedacinho de nós que se perdeu sem darmos conta? E quantas vezes não pensámos já como seria bom não termos mudado tanto?

Mas nem sempre a mudança nos atormenta. Muitas vezes, é ela que nos levanta e nos leva por caminhos onde nunca nos teríamos aventurado antes.
Muitas vezes, é ela que nos ajuda a perceber que aquela tempestade fria e devastadora, foi a volta mais útil que a nossa vida deu.

Tantas vezes, o alívio da mudança, nos faz esquecer a própria tempestade...

8 comentários:

  1. Bem, se não mudassemos, de que nos adiantava viver? Viver em toda a sua plenitude, quando amamos, sofremos, choramos, rimos? Se não vamos mudar, não vamos crescer, para isso mais vale ficar em casa, escondidos do mundo. Claro que nem sempre as mudanças são para melhor, porque a nossa capacidade de aguentar pancada tem limite, mas não podemos deixar que isso nos impeça de seguir em frente.

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  2. Allie:

    Se limitamos a capacidade de aguentar pancada, então a mudança só pode ser para melhor.

    Bjocas

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  3. Qualquer mudança é sinal de vida. E podemos sempre voltar atrás e voltar a mudar, tudo depende daquilo que nos move.

    O problema é que nem sempr sabemos o que realmente nos move. Tu sabes?


    Bjihos

    N.S

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  4. N.S.:

    Se eu sei?? Não sei eu outra coisa...

    Beijinhos

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  5. "Nem sempre é fácil lidar com as nossas próprias mudanças, porque nem sempre elas nos vêm facilitar a vida. Nem sempre os outros as entendem ou aceitam. E, quantas vezes, nem nós mesmos."
    aí está o busílis...

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  6. Alguém +:

    Também me parece que esta é a parte mais difícil...


    Beijocas

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  7. Às vezes só queria voltar atrás e voltar a ser quem era...mas já não consigo...

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  8. Cobra Ana Rita:

    Nem sempre podemos voltar a ser quem fomos... mas acho que podemos recuperar algumas partes, se soubermos fazer uma "limpeza" a tudo o que não nos interessa manter dentro de nós mesmas.

    Eu tenho andado a fazer e parece que resulta!

    Obrigada pela visita!

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