quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Baloiço de jardim

Sabes, tu sempre foste o homem da minha vida. Não foste só Pai, foste Mãe, foste amigo, foste o meu pilar de todas as horas. E três dias depois acho que ainda não acordei, ainda não caí em mim. Por vezes, por momentos, acho que ainda te vou voltar a ver sentado no teu sofá a elogiar as moças bonitas que aparecem na televisão. Ou então, frente ao espelho, a ajeitar o fato e a gravata, e a perguntar dezenas de vezes "estou bem assim?". É esta a imagem que quero guardar de ti, sempre vaidoso, com as tuas graçolas, e a tua energia quase inesgotável. Quase. Não tive tempo de me preparar para isto, se é que isso seria possível. Não me consegui despedir de ti. Sabes, eu sempre tive a mania que sou crescida e forte mas, neste momento, sinto-me como aquela menina pequenina que levavas pela mão para andar de baloiço no jardim. Nunca foste um homem de dramas, e contigo aprendi a olhar para a frente, nunca para trás. A vida continua, não é? Amanha, sei que vou ter de largar a tua mão e voltar a ser crescida, com a mania que sou forte e que nada me derruba. E vou conseguir, porque sei que, de algum forma, daí onde estás, vais continuar a dizer "não tenhas medo que não te deixo cair".

Mas isso será só amanha. Hoje preciso de ficar mais um bocadinho neste baloiço.